Zezinha

Maria José Gomes da Silva, a Zezinha, é uma das mais prestigiadas artistas do Vale do Jequitinhonha-MG, por que não dizer do Brasil. Ela nasceu no dia 14 de julho de 1968 no município mineiro de Campo Alegre. Zezinha aprendeu a trabalhar com o barro vendo seus pais, Maria Gomes Ferreira e Manuel Gomes da Silva (in memorian), que eram ceramistas. Sua mãe vive até hoje na zona rural de Campo Alegre, onde segue trabalhando com cerâmica juntamente com sua filha Maria de Fátima; na família, Zezinha foi a que mais projeção teve. Ela é casada com Ulisses Gomes dos Santos, com o qual teve duas filhas, Cláudia e Aline, já iniciadas na arte do barro e prováveis sucessoras da arte de sua mãe. A família mora atualmente na zona rural de Coqueiro Campo, onde trabalha diariamente na modelagem do barro.

 Zezinha. Foto: André Correa.

Atualmente entre as artistas do Vale do Jequitinhonha, Zezinha é sem dúvida a mais privilegiada de todas com relação à procura e às vendas de suas peças; seu sucesso é notável. Com os lucros das vendas, ela construiu uma casa ampla e confortável para os padrões locais onde mora com o marido e as filhas. Mas nem sempre o tempo foi favorável; Zezinha diz que para chegar onde chegou teve que passar por muitas dificuldades financeiras juntamente com sua família.

Zezinha e sua Mae. Vale do Jequitinhonha, 1997. Reprodução fotográfica Noivas da Seca: cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha, Editora UNESP, 2008.

 Zezinha com seu marido e suas filhas. Vale do Jequitinhonha, 1997. Reprodução fotográfica Noivas da Seca: cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha, Editora UNESP, 2008.

As peças de cerâmica produzidas por Zezinha se sobressaem em meio as demais peças produzidas por outras artesãs do Vale do Jequitinhonha. São quase sempre bonecas feitas com uma técnica aprimorada e um acabamento diferenciado. São em geral mulheres nas funções de mae ou de noiva. As feições destas mulheres são sempre muito parecidas. Zezinha afirma que nunca se espelhou em ninguém para produzir suas peças, mas estas feições se tornaram uma de suas marcas registradas.

 Zezinha, Mulher amamentando, cerâmica policromada. Foto: André Correa

 Zezinha. Foto: Cacá Bratke

As primeiras peças de Zezinha eram grandes, feitas de uma só cor, as quais eram pintadas com barro rosa claro. No início ela retratava mulheres simples, sem vaidade, quase serviçais. Hoje as "mulheres de Zezinha" são extremamente sofisticadas, bem vestidas, joviais e muitas vezes com um ar aristocrático. O homem só aparece como noivo, sempre de terno e gravata e cabelos bem penteados. Essas "novas" esculturas são pintadas com várias cores de engobe; para a pele, rosa acetinado e vários tons para o vestido,  chapéu, sapatos e adereços. Estes pigmentos são extraídos de minérios locais e aplicados antes da queima na forma de engobes.

 Zezinha, Noiva, cerâmica policromada. Reprodução fotográfica Noivas da Seca: cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha, Editora UNESP, 2008.

Zezinha, Mulher, cerâmica policromada. FOTO: arquivo pessoal.

Boneca de Zezinha parte do acervo do Palácio do Planalto (Gabinete da Presidência da República), Brasília-DF.

As peças de Zezinha podem ser adquiridas em lojas especializadas de todo o Brasil ou diretamente com a artista, através de encomenda. Entretanto, é preciso paciência, a lista de espera é grande. Seu marido Ulisses é o responsável pela comercialização das peças.

Referências Bibliográficas:

- Dalglish, Lalada. Noivas da Seca: Cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha, 2a Ed. - Sao Paulo: Editora UNESP, Imprensa Oficial do Estado de Sao Paulo, 2008.

Contato com Ulisses (marido de Zezinha):
Tel: (33) 9104-0005

Zezinha, Mulher amamentando, cerâmica policromada. Foto: André Correa.

Assinatura de Zezinha em uma de suas peças.

Zezinha, Bonecas sentadas, cerâmica policromada. Reproduçao fotográfica Galeria Pontes, Sao Paulo-SP (www.galeriapontes.com.br).

Zezinha, bonecas, cerâmica policromada. Foto: Cacá Bratke.

 Zezinha, Noiva, cerâmica policromada. Foto: André Correa.

 Zezinha, Mulher amamentando, cerâmica policromada. Foto: André Correa.

 Zezinha, Mulher, cerâmica policromada. Foto: André Correa.

 Zezinha, Bonecas, cerâmica policromada. Reproduçao fotográfica Revista Brasileiros.

Zezinha, Mae amamentando, cerâmica policromada. Peça do acervo da exposiçao "Mulheres artistas e brasileiras" idealizada pela presidenta Dilma Rousseff, Palácio do Planalto, Brasília-DF. Reproduçao fotográfica Blog do Planalto.


Zezinha trabalhando em uma de suas criações. FOTO: Helgha WeiBfüder


Zezinha, casal de noivos, cerâmica policromada. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.


Zezinhacasal, cerâmica policromada. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.


Video - Entrevista com Zezinha




Video da exposição "Nos Campos do Vale - cerâmica no Alto Jequitinhonha" no Centro de Folclore e Cultura Popular (Rio de Janeiro), onde aparece Ulisses Gomes, esposo de Zezinha

Ismael Pereira

Ismael Pereira Azevedo nasceu em Capela-SE no dia 1 de Outubro de 1940. Aos 5 anos de idade muda com sua família para Aracaju onde prosseguiu seus estudos. Casado duas vezes, teve cinco filhos. Em Aracaju tornou -se empresário do ramo da publicidade e artista plástico. Realizou sua primeira exposição individual em Aracaju, na Galeria de Artes Álvaro Santos, em 1965. Neste mesmo ano, mudou-se para Arapiraca-AL. Ali foi fundador da Câmara Júnior de Arapiraca e de uma emissora de radio, foi integrante da Maçonaria e participante de diversas entidades no campo artístico e cultural da cidade. Ingressou na vida  pública em 1973, sendo eleito vereador por Arapiraca. Ismael Pereira foi também deputado estadual pelo Estado de Alagoas por três legislaturas.

Ismael Pereira, reproduçao fotográfica Prefeitura de Aracaju.

Ainda criança, Ismael dava sinais nítidos de familiaridade com o desenho. Com um pequeno pedaço de lápis, caco de prato, pedaço de pedra, desenhava figuras nas paredes, nas calçadas ou pedaços de papel. Já adulto, os primeiros trabalhos de Ismael Pereira eram figurativos, pautados especialmente na cultura do interior de Alagoas. Com a passar do tempo, o artista inovou ao lançar a série “Guerreiro das Alagoas”. Nesta série, os característicos chapéus dos integrantes desse folguedo lhe inspiraram composições geométricas, cujas linhas retas eram quebradas por estratégicas colagens de chita. Depois ele criou a série “Jangadas das Alagoas”, mostrando velas reduzidas a simples triângulos, agrupadas em sobreposições ou servindo de suportes a elementos decorativos. Mas, mais inovadora ainda, foi a série dos “Cajus”, na qual desconstruiu a fruta símbolo de sua terra, a ponto de transformá-la, num violão muito bem ornamentado.

 Ismael Pereira e seus gurreiros, reproduçao fotográfica O Jornal - Alagoas

 Ismael Pereira, reproduçao fotográfica Prefeitura de Aracaju. Foto: Alejandro Zambrana
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Na seqüência, o artista descobriu a mandala, uma de suas obras mais famosas; dela se apoderou para criar composições com grande riqueza de detalhes. Sobre a evolução da sua arte, Ismael Pereira diz: “Às vezes, a gente tem que entender que o continuísmo pode se tornar sufocante e que é necessário que acompanhemos a mudança dos paradigmas em qualquer atividade. Na pintura, não pode ser diferente. Ainda que eu esteja palmilhando o terreno do chão dos mortais, sinto também o direito de fazer alguma coisa que verticalize a minha obra. Daí porque essa inovação”.

Ismael Pereira, mandalas, acrílica sobre cerâmica. Reproduçao fotográfica Jornal da Cidade - Sergipe.

Ismael Pereira, mandala, acrílica sobre cerâmica. Reproduçao fotográfica autoria desconhecida.

Ismael Pereira é membro da Associação Internacional de Artes Plásticas (sede em Paris), da Academia Alagoana de Cultura, da Associação Alagoana de Imprensa, da Casa do Poeta de Sergipe. Ao longo de sua carreira artística expôs em Salvador, Maceió, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Expôs também na Cidade do México, onde realizou sua primeira mostra individual internacional. Participou ainda de exposições coletivas internacionais como a promovida pela Embaixada da Espanha, em Brasília, 2005, e a Feira Internacional de Arte de Lisboa em 2007. Em 2005 foi condecorado com a Medalha Inácio Barbosa pelo Governo Municipal de Aracaju. Atualmente, Ismael Pereira dedica-se às atividades nas áreas de publicidade e da cultura, sendo considerando um intelectual alagoano, pelo vasto conhecimento demonstrado em várias áreas sociais. As obras de Ismael são encontradas em lojas de arte/ artesanato principalmente de Maceió e Aracaju.

Fonte:
- Conexão artes visuais, Secretaria de Cultura de Sergipe
- Santos, Osmário. Jornal da Cidade – Sergipe
- O Jornal - Alagoas 

 
Ismael Pereira, anjo, acrílica sobre cerâmica. Reproduçao fotográfica Portal Cada Minuto.

Ismael Pereira, peixe, acrílica sobre cerâmica. Reproduçao fotográfica Portal Cada Minuto.

Ismael Pereira, reproduçao fotográfica Prefeitura de Aracaju. Foto: Alejandro Zambrana

Ismael Pereira, mandala, acrílica sobre cerâmica. Reproduçao fotográfica. Foto: Luiz Sousa.

Ismael Pereira, figuras do reisado, acrílica sobre cerâmica. Reproduçao fotográfica e-Sergipe.

 Ismael Pereira, cangaceiro, acrílica sobre cerâmica. Reproduçao fotográfica e-Sergipe.

Ismael Pereira, anjo, acrílica sobre cerâmica. Reproduçao fotográfica e-Sergipe. 

Severino Vitalino

Severino Pereira dos Santos, o Severino Vitalino, nasceu no sítio Campos-PE em 1940. Ainda criança se mudou com sua família para o Alto do Moura em Caruaru, onde vive até hoje. Severino é filho do mestre Vitalino e continuador de sua obra.

Severino Vitalino, reprodução fotográfica Museu Casa do Pontal, Rio de Janeiro, RJ

Com o mestre Vitalino, Severino aprendeu a modelar o barro. Desde muito pequeno já ajudava seu pai a fazer as pecinhas de barro; durante toda a sua vida na arte do barro fez questão de manter o estilo do pai. Com técnica apurada, moldava no barro as obras que correram o mundo como: a banda de pífanos, a família de retirantes, o boi, Lampião e Maria Bonita, dentre outras. “Meu pai criou 118 tipos de peças, muita coisa para se fazer. Eu faço qualquer peça daquelas que ele passou para mim. Todos os tipos”, dizia Severino.

Severino Vitalino, Caminho pra roça, cerâmica, reprodução fotográfica Em nome do autor - artistas artesãos do Brasil, Proposta Editorial, São Paulo, 2008.

Severino Vitalino, Morte do ladrão, cerâmica, reprodução fotográfica Em nome do autor - artistas artesãos do Brasil, Proposta Editorial, Sao Paulo, 2008.

Severino Vitalino, Fugindo da onça, cerâmica. Coleção pessoal
 
Severino Vitalino faleceu no dia 7 de janeiro de 2019, aos 78 anos de idade. Na antiga casa do seu pai no Alto do Moura hoje funciona a Casa Museu Mestre Vitalino. Severino foi durante décadas o responsável pelo local, onde também utilizava para comercializar suas peças. Lá ele era o responsável por receber os visitantes e contar as histórias sobre seu pai, tarefa que dava muita satisfação.

 Severino Vitalino trabalhando, Caruaru-PE. Foto: Laura Moreira.

Museu Mestre Vitalino:
Rua Mestre Vitalino, 644, Alto do Moura
55040-010 Caruaru-PE.
Tel: (81) 3722-0895

 Severino Vitalino, Caçador de gatos maracajá, cerâmica. FOTO: Jackson Carvalho.

Severino Vitalino, Casa de farinha, cerâmica. Foto: Antonio Preggo.

Severino Vitalino recebendo a presidenta Dilma Rousseff no Memorial ao Mestre Vitalino em Caruaru (2012).

Severino Vitalino, título desconhecido, cerâmica. Reprodução fotográfica Argos Foto.

Severino Vitalinofamília de retirantes, cerâmica. Reprodução fotográfica Argos Foto.

Fábio Smith

Fábio Antônio de Albuquerque Smith nasceu na Paraíba em 1952, onde vive até hoje. Durante 22 anos de sua vida trabalhou como bancário e atualmente está aposentado desta função. Sua trajetória artística teve início no ano de 2003. Fábio Smith é um ceramista muito respeitado pelo seu trabalho artístico, o qual é pautado, sobretudo pela cultura nordestina.

 Fábio Smith. Foto autoria desconhecida

Fábio Smith. Foto autoria desconhecida

A obra de Fábio Smith é ao mesmo tempo popular e contemporânea (definição do próprio artista). Suas peças retratam cenas, personagens, usos e costumes do povo nordestino, como as danças típicas do Nordeste: o côco de roda, o reisado, o bumba-meu-boi, o forró, o xaxado, a ciranda, entre outros. Além disso, algumas de suas peças representam personagens da obra de escritores brasileiros, como Graciliano Ramos, Manuel Bandeira e Monteiro Lobato. Outra serie de bastante sucesso foi a “série namorados”, onde o artista retrata um casal de namorados em cenas muitas vezes “picantes”.

 Fábio Smith, Folia de Reis, cerâmica. Reproduçao fotográfica do site do artista.

Fábio Smith, Xaxado, cerâmica. Foto autoria desconhecida.

 Fábio Smith, Trio de forró, cerâmica. Foto autoria desconhecida.

 
Fábio Smith, Roda de coco, cerâmica. Reproduçao fotográfica CODATA - Governo da Paraíba.


Fábio Smith, Série Namorados, cerâmica. Reproduçao fotográfica Artes do Imaginário Popular, Olinda-PE.

O artista utiliza a técnica de placas para produzir suas peças. A queima do barro é feita em forno a gás, o qual é extraído no distrito de Alhandra, litoral sul da Paraíba. Para a pintura das peças, Fábio Smith desenvolveu uma técnica para as cores que utiliza engobe com variados barros coloridos, uma técnica semelhante à utilizada por alguns artesãos do Vale do Jequitinhonha-MG.

As peças de Fábio Smith fazem parte de acervo de colecionadores particulares no Brasil e no exterior e de alguns museus brasileiros, como: a Casa do Artista Popular (João Pessoa-PB) e o Museu de Arte Popular do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro-RJ).

O artista já recebeu várias menções honrosas em feiras e exposições pelo Brasil, dentre elas o Salão Nacional de Cerâmica, realizado pelo Museu Alfredo Andersen de Curitiba-PR, onde em 2008, Fabio Smith recebeu menção honrosa pela peça “Poeta de Feira” e em 2010 pela peça “Os amores de Jackson” (referência a Jackson do Pandeiro). Fabio realizou sua primeira exposição individual “Celebrações e ofícios do popular” em 2008 no Espaço de Arte da Justiça Federal em João Pessoa-PB. No currículo também guarda várias exposições coletivas pelo Brasil.

 Fábio Smith, Poeta de feira, cerâmica. Foto Marcelo Pereto, Reproduçao fotográfica Vila do Artesão  PB (www.viladoartesao.com.br).

 Fábio Smith, Amores de Jackson, cerâmica. Reproduçao fotográfica do site Babel das Artes (http://www.babeldaartes.com.br ).

Fábio Smith dirige um ateliê coletivo, onde ensina sua arte para jovens e idosos da comunidade da Praia do Poço, Cabedelo-PB.

As peças de Fábio Smith podem ser adquiridas no seu ateliê, na Vila do Artesão (praia de Jacumã, Conde-PB), na Babel das Artes (João Pessoa-PB) e na feira de artesanato de Cabedelo-PB (Paria do Jacaré). Em Pernambuco, há peças do artista na loja Artes do Imaginário Brasileiro, Alto da Sé em Olinda.

Contato com Fábio Smith:
Rua Vitorino Cardoso 366- Praia do Poço
58310-000, Cabedelo-PB
Tel: (83) 3250-2047 / 8780-5925
Site: www.fabiosmith.com

Fábio Smith, Burrinha Calú, cerâmica. Coleçao pessoal.

 Fábio Smith, Nome da peça desconhecido, cerâmica. Coleçao pessoal.

 Fábio Smith, Guardiao, cerâmica. Coleçao pessoal.

Fábio Smith, Boi de Reis, cerâmica. Reproduçao fotográfica do site do artista.

Fábio Smith, O beijo da Sebastiana, cerâmica. Foto autoria desconhecida.

Fábio Smith, Casal retirante, cerâmica. Reproduçao fotográfica CODATA - Governo da Paraíba.

Fábio Smith, Casal coco-de-roda, cerâmica. Foto autoria desconhecida.
 
Fábio Smith, Totem, cerâmica. FOTO: Marcela Barbosa.